Ativismo: O amor de muitos já esfriou
Lembrei do ativismo compulsório de outrora. Moro ao lado de uma igreja evangélica. À pouco, enquanto tomava banho, pude ouvir o ensaio da banda de louvor. Gatilho disparado com sucesso.
Enquanto eu ouvia os primeiros acordes da guitarra e aquela bateria alta voltei no tempo, quando este era o horário em que eu devia chegar para as minhas escalas. Era sempre no começo do ensaio do louvor.
Só que para chegar à igreja no horário, eu precisava sacrificar meus filhos e correr feito uma louca para dar conta das coisas de casa, visitar minha família e às vezes, levá-los para dar uma volta, sempre rápida, no Shopping.
Era aquele stress para estacionar, entrar correndo, sentar na praça de alimentação e comer feito desesperados, porque a hora era sempre ingrata. Eu sacrificava sempre a minha família, deixava de descansar, porque devia servir a igreja 7 dias por semana, tinha que ser o servo zeloso.
Esses dias recebi uma mensagem de uma pessoa falando que sofreu abusos na igreja mas que perdoou e que eu devia perdoar também. Mas não é uma questão de perdão aqui, mas um comportamento errado, abusivo, nocivo que é cada vez mais alimentado na igreja neopentecostal.
Desculpe, mas não consigo perdoar e fazer de conta que nada acontece já que me afastei deste meio. Me dói saber que diversas mulheres passam pelo que eu passei, estão doentes, carregam um tremendo peso de culpa. Não consigo ficar quieta perante a injustiça de filhos cujos pais quase moram dentro da igreja enquanto eles ficam largados.
Comente